sábado, 16 de julho de 2022

Igreja & Política

 

O presente texto busca refletir sobre o tema: Igreja e Política, um hiato dolorido. De acordo com o pequeno dicionário brasileiro, a expressão hiato tem dois sentidos. Um anatômico e outro gramático. É claro que no título do livro descreve o sentido gramático, ou seja, quando duas vogais estão juntas, porém em silabas vizinhas. O hiato diferencia – se de um ditongo e de um tritongo pelo fato de ser constituído por duas vogais e, consequentemente, ser pronunciado em vários esforços de voz. Da mesma forma religião e política que por algum tempo andaram de mãos dadas, somente após o iluminismo com o foco voltado para a razão acentuou essa dissociação de sentidos que já tinha ocorrido no Renascimento (séc. XV – XVI) com a figura e o pensamento político de Maquiavel. Houve uma ruptura brusca com a política clássica, dando espaço à política moderna. A política de Maquiavel abandona todo o princípio de bondade, felicidade, moralidade, religiosidade presentes no pensamento platônico, aristotélico e agostiniano.  

O texto busca fazer uma síntese da Política e Igreja dentro de uma visão filosófica da era clássica, passando pela moderna e contemporânea na vida e comportamento da atividade política e religiosa, focando nos movimentos Pluralistas, Fundamentalistas, Progressistas e Tradicionalistas presentes no ambiente político.

O advento do iluminismo foi o principal responsável para separar política da religião. Alguns pensadores construíram frases que justificaram essa separação:

Religião aliada à política é uma arma perfeita para escravizar ignorantes” (Júlio Cesar de Melo); “Política e religião não se misturam; uma coisa é ter fé em Deus, outra é acreditar no homem. O homem é corruptível; Deus não!” (Júlio Pattuzzo).

Por outro lado, há pensadores que advogaram uma participação direta da religião e religiosos na política partidária. “Somente os tolos acreditam que política e religião não se discutem. Por isso os ladrões continuam no poder e os falsos profetas continuam a pregar” (Alexandre Boarro). Não sei quem copiou de quem, mas Charles Haddon Spurgeon, pregador Batista inglês, muito influente no protestantismo reformado e na política do seu tempo, também conhecido como o “Príncipe dos Pregadores” fez semelhante afirmação, alterando somente a concordância: “Só os tolos acreditam que política e religião não se discutem. Por isso os ladrões continuam no poder e os falsos profetas continuam a pregar.”  “Querer separar a religião da política é uma loucura tão grande ou maior do que a de querer separar a economia da política.” (Miguel Unamuno).

As frases do segundo grupo sustentam a importância do tema escolhido e inspiram homens e mulheres comprometidos com a fé, justiça e equidade a se apresentarem para tal tarefa. Claro, se tiver vocação política. Fazendo uma paródia de uma frase do grande pastor Rubens Lopes: “Políticos que faltam e políticos que fazem falta.” Precisa-se preencher a lacuna dos políticos que faltam e substituir os que cometem faltas.

 

2 comentários:

  1. Excelente reflexão, embora seja favorável a não misturar política com religião.

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  2. Se houver separação a religião será massacrada por anti-religiosos, não se é impor uma sobre a outra, mas a participação e conversação é necessária.

    Excelente reflexão Pastor.

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