O presente texto busca refletir sobre o tema: Igreja e Política, um
hiato dolorido. De acordo com o pequeno dicionário brasileiro, a expressão hiato
tem dois sentidos. Um anatômico e outro gramático. É claro que no título do
livro descreve o sentido gramático, ou seja, quando duas vogais estão juntas,
porém em silabas vizinhas. O hiato diferencia – se de um ditongo e de um
tritongo pelo fato de ser constituído por duas vogais e, consequentemente, ser
pronunciado em vários esforços de voz. Da mesma forma religião e política que
por algum tempo andaram de mãos dadas, somente após o iluminismo com o foco
voltado para a razão acentuou essa dissociação de sentidos que já tinha
ocorrido no Renascimento (séc. XV – XVI) com a figura e o pensamento político
de Maquiavel. Houve uma ruptura brusca com a política clássica, dando espaço à política
moderna. A política de Maquiavel abandona todo o princípio de bondade,
felicidade, moralidade, religiosidade presentes no pensamento platônico,
aristotélico e agostiniano.
O texto busca fazer uma síntese da
Política e Igreja dentro de uma visão filosófica da era clássica, passando pela
moderna e contemporânea na vida e comportamento da atividade política e
religiosa, focando nos movimentos Pluralistas, Fundamentalistas, Progressistas
e Tradicionalistas presentes no ambiente político.
O advento do iluminismo foi o
principal responsável para separar política da religião. Alguns pensadores construíram
frases que justificaram essa separação:
“Religião aliada à política é
uma arma perfeita para escravizar ignorantes” (Júlio Cesar de Melo); “Política
e religião não se misturam; uma coisa é ter fé em Deus, outra é acreditar no
homem. O homem é corruptível; Deus não!” (Júlio Pattuzzo).
Por outro lado, há pensadores que
advogaram uma participação direta da religião e religiosos na política
partidária. “Somente os tolos acreditam que política e religião não se
discutem. Por isso os ladrões continuam no poder e os falsos profetas continuam
a pregar” (Alexandre Boarro). Não sei quem copiou de quem, mas Charles
Haddon Spurgeon, pregador Batista inglês, muito influente no protestantismo
reformado e na política do seu tempo, também conhecido como o “Príncipe dos
Pregadores” fez semelhante afirmação, alterando somente a concordância: “Só
os tolos acreditam que política e religião não se discutem. Por isso os ladrões
continuam no poder e os falsos profetas continuam a pregar.” “Querer separar a religião da política é uma
loucura tão grande ou maior do que a de querer separar a economia da política.”
(Miguel Unamuno).
As frases do segundo grupo
sustentam a importância do tema escolhido e inspiram homens e mulheres
comprometidos com a fé, justiça e equidade a se apresentarem para tal tarefa.
Claro, se tiver vocação política. Fazendo uma paródia de uma frase do grande pastor
Rubens Lopes: “Políticos que faltam e políticos que fazem falta.” Precisa-se
preencher a lacuna dos políticos que faltam e substituir os que cometem faltas.
Excelente reflexão, embora seja favorável a não misturar política com religião.
ResponderExcluirSe houver separação a religião será massacrada por anti-religiosos, não se é impor uma sobre a outra, mas a participação e conversação é necessária.
ResponderExcluirExcelente reflexão Pastor.