sábado, 11 de fevereiro de 2023

ATAQUE AOS PODERES E SOFRIMENTO DOS SILVÍCOLAS

 

Oito de janeiro de 2023, uma data para guardar

Urna eletrônica lançada em 1966 tinha objetivo eliminar a fraude em processo eleitoral, afastando a intervenção humana, transformou-se em pivô de violência em terras brasileiras. 08 de janeiro será sempre lembrado com tristeza por todos os cidadãos de bem.

A possibilidade da violabilidade foi questionada por político, que em sucessivas eleições desfrutou do resultado, e de um momento para outro passa questionar a confiança. Perder e ganhar fazem parte do jogo democrático. A maturidade política deve estar presente em qualquer que seja o resultado. Todo poder terreno é transitório, mas não foi isso que se observou nas últimas eleições.

Nas eleições, o jogo às vezes é baixo na busca de desqualificar a oposição. Isso está presente em todas. São poucos os espíritos nobres que conseguem diferenciar ideias de pessoas.

O discurso político encontrou eleitores, que sem analisar os fatos, procedência e o motivo que produziu tal discurso, colocaram em dúvida o resultado. Política faz parte da natureza humana; Aristóteles (384 a. C – 322 a.C), classificou o homem como “animal político”.

Estado laico, tem religião e política em campos diferentes.  Os religiosos devem ser políticos, mas a política não deve ser religiosa. Em uma visão pueril, parece que o elemento religioso protagonizou o espaço que deveria ser dado ao pensamento político.

Cristo durante sua vida terrena conviveu com governos dos mais diferentes pensamentos, mas nunca se envolveu e nem tentou mudar nenhum sistema, nem mesmo a escravidão reinante na época, pelo contrário, deixou bem claro a existência de dois reinos distintos.

Políticos diante do crescimento geométrico das religiões, aproveitaram com muita habilidade para aliciar eleitores nas campanhas. Notícias, “profecias” proliferaram no país sem, contudo, se mostrarem conclusivas; o propósito, “salvar” o Brasil.

Uma parte da população foi encorajada a tomar posição de defesa, promovendo longas marchas, carreatas e bandeiradas, encorajadas por lideranças ocultas que estimulavam e sustentavam as mobilizações; sem liderança específica, mas com propósito definido: mudar o resultado promulgado pelo Supremo Tribuna Federal. Se houve fraudes, não pode ser comprovada, e nem sustentada por nenhum segmento que trabalhou durante as eleições.

O Tribunal Eleitoral promulgou o resultado, que não agradou parte do eleitorado. Mas o fato é que como disse um dos membros do Supremo: “acima do Supremo, só Deus”. Realmente isso é verdade. Uma frase atribuída a Rui Babosa afirmava que contra decisões do Supremo, não há a quem recorrer. (pensador.com/frase/MTM5ndg2NA. acesso em: 06 fev.2023).

Houve tentativa de reverter pela força o resultado. A história Americana, repetiu no Brasil com a mesma justificativa. Os prejuízos atingiram valores milionários que serão cobertos pelos possíveis financiadores do movimento.

Oposição não é inimiga, é formada por pessoas que pensam diferente. O pensamento múltiplo é salutar e desejável no mundo contemporâneo; ajuda construir sociedade harmônica. Medo coletivo tomou conta da consciência política de parte do eleitorado brasileiro fomentado por discursos de que valores seriam alterados.

Na antiguidade, Arístocles de Atenas em sua obra “A República”, propôs mudanças na construção da família e criação de filhos. Sua proposta não logrou êxito, acabou sendo preso e vendido como escravo.

Vive-se uma sociedade em transformação, promovida por políticas partidárias. Os cristãos teem papel definido neste processo. Os discursos família e Igreja foram usados para mobilizar o antagonismo quanto a mudança do cenário político. Em tempo algum, qualquer sistema político conseguiu mudar estes valores; são instituições criadas pelo Eterno, e o que o Eterno criou jamais será destruído pelo sistema. Pode ocorrer que templos e símbolos da fé sejam destruídos, mas eles não são a igreja. A igreja é um sistema dinâmico, metafisico, incorporada por um número mínimo de dois ou três, acrescido do Criador. A família tradicional é a única que garante a perpetuidade da espécie, por isso ela não pode ser destruída.

Diante de toda essa realidade, cristãos deixaram se levar por discursos que afrontavam o senso comum, para engajarem em uma corrente crescente de “defensores” de valores. Através dos milênios, entra sistema e sai sistema, mas igreja e família permanecem.

O que teria sido melhor para a nação? O melhor seria o que fizeram autoridades políticas filiadas ao sistema vigente; reconheceram o resultado promulgado. O chefe do Executivo deveria fazer o mesmo, ainda que discordasse, mas evitaria todo o transtorno que veio acontecer. A solução seria fortalecer o partido e enfrentar o futuro pleito sem desgastes acumulados. Bem disse um ministro que o processo político é tarefa de força não armadas.

O apoio silencioso e indireto das Forças Armadas contribuiu em parte para o desfecho de oito de janeiro. Foram quase dois meses acampados pacificamente, apenas gritando por um auxílio que não foi manifestado. Parece que a paciência esgotou e a solução encontrada foi a mais desastrosa. Sem liderança central criaram um cenário de selvageria; muitos hoje pagam um preço elevado, outros ceifaram as próprias vidas e o resultado das urnas não mudou.

Uma nova liderança poderá surgir nos próximos anos, que certamente não satisfará a todos, mas mostrará que o sistema democrático, que não é o melhor sistema, permanecerá.

Silvícola, um povo esquecido

O problema indígena não é novo, passa por décadas, e governos de todas as ideologias, aliás, pode se dizer séculos. Os colonizadores chegaram exterminando índios e violentando índias. Espaço foram conquistados sobre sangue suor de índios.

Sucessivos massacres contra os indefesos, por pessoas ávidas das riquezas minerais do subsolo amazônico e o olhar indiferente de quem podia coibir tais abusos. O jornalista Luiz Felipe Barbiéri do g1.globo.com/política/notícia/2023/02/04. acesso em 09/02/2023 relata:

Uma chacina encomendada por um garimpeiro com um bilhete: “Faça bom proveito desses otários”. E a súplica de um indígena segundo antes de ser executado com um tiro no rosto: “Garimpeiro amigo”.

 

A população indígena sofre e clama no interior da floresta sem resposta, pois os clamores não encontraram eco nos ouvidos complacentes. A polarização política, tornou audíveis os gritos seculares da mata. A liderança política reagiu de forma positiva, embora tardia; índios já eram mártires da incontrolável e insaciável ganância humana. É preciso mostrar para o público nacional e internacional os erros das autoridades brasileiras quanto a responsabilidade e o desprezo às políticas públicas. Os órgãos internacionais precisam ficar sabendo para que enviem mais recursos para o fundo amazônico e se espera, tenham destinos justos.

Jurandir Marques