terça-feira, 16 de agosto de 2022

Eu & Outro

 


Em geral, lidamos melhor com o “eu” do que com o “outro”. Afinal, tendemos a ter familiaridade conosco e com o que é nosso. Mas em nossa sociedade não vivemos sem o olhar do outro, que é quem traz um pedaço de nós que pode nos parecer estranho, porque parte de um ponto de vista diferente.

Quando olhamos para o outro, lidamos com algo que está fora de nós. Tendemos a utilizar o nosso referencial para entendê-lo e julgá-lo, mas dificilmente conseguiremos compreendê-lo se não deixarmos um pouco de lado o nosso ponto de vista, ou seja, nosso referencial, e se não buscarmos entender o outro a partir do ponto de vista dele.

A palavra alteridade significa aquilo que é do outro, o que é diferente, distinto, em relação a mim. Aceitar a alteridade significa aceitar o outro como ele é, ou seja, aceitar que as pessoas podem pensar de um jeito diferente, se vestir de um jeito diferente ou mesmo ter uma religião diferente da nossa sem que isso nos perturbe.

A Antropologia é uma das diversas Ciências Humanas que significa literalmente, a “ciência do ser humano”.  Seu objeto de estudo é a experiência humana na totalidade, incluindo aspectos sociais, linguísticos, históricos e culturais. Por colocar frente a frente diversas culturas e analisar a forma como cada uma entende o mundo e se relaciona com ele, a Antropologia pode ser considerada uma “ciência da alteridade”. Tradicionalmente, o estudo de grupos indígenas é feito por antropólogos.  

           A palavra alteridade caminha lado a lado com a palavra identidade, que significa aquilo que é característico de uma pessoa ou de um grupo de pessoas. A identidade, portanto, pode ser individual ou coletiva.

           Uma vez que existe grande diversidade cultural, social, econômica, etc., no mundo, aceitar a alteridade é assumir uma atitude filosófica, pois abre espaço para ao diálogo e contribui para o respeito da liberdade de cada um. A rejeição da alteridade é um dos fatores que podem dar origem ao etnocentrismo, ou seja, a uma forma de entendimento do mundo que considera um grupo superior aos outros e que quem está fora desse grupo deveria ter o mesmo comportamento ou os mesmos valores. Essa visão contraria o respeito à liberdade e à autonomia de cada um no convívio coletivo e a compreensão do que é o ser humano.

           O texto abaixo foi extraído de O conto da ilha desconhecida, livro do escritor português José Saramago (1922-2010) publicado em 1997, que narra a história de um homem que gostaria de fazer uma viagem rumo a uma ilha desconhecida, e para isso pede ajuda ao rei, que lhe dá um barco. No primeiro trecho, o homem conversa com o rei no palácio. No trecho seguinte, já no cais do porto, ocorre um diálogo entre o homem e sua amiga, que pergunta o que fazer, uma vez que ele ainda não tem tripulação.

         [...] E tu para que queres um barco, pode-se saber, foi o que o rei de facto perguntou quando finalmente se deu por instalado, com sofrível comodidade, na cadeira da mulher da limpeza, Para ir à procura da ilha desconhecida, respondeu o homem, Que ilha desconhecida, perguntou o rei disfarçando  o riso, como se tivesse na sua frente um louco varrido, dos que têm a mania das navegações, a quem não seria bom contrariar logo de entrada, A ilha desconhecida, repetiu o homem, Disparate, já não há ilhas desconhecidas, Quem foi que te disse, rei, que já não há ilhas desconhecidas, Estão todas nos mapas, Nos mapas só estão as ilhas conhecidas, E que ilha desconhecida é essa de que queres ir à procura, Se eu to pudesse dizer, então não seria desconhecida, A quem ouviste falar dela, perguntou o rei, agora mais sério, A ninguém, Nesse caso, porque teimas em dizer que ela existe, Simplesmente porque é impossível que não exista uma ilha desconhecida [...]

          Que pensas fazer, se te falta a tripulação, Ainda não sei, Podíamos ficar a viver aqui, eu oferecia-me para lavar os barcos que vêm à doca e tu, E eu, Tens com certeza um mester, um ofício, uma profissão, como agora se diz, Tenho, tive, terei se for preciso, mas quero encontrar a ilha desconhecida, quero saber quem sou eu quando nela estiver, Não o sabes, Se não sais de ti, não chega a saber quem és [...] é necessário sair da ilha para ver a ilha. SARAMAGO, José. O conto da ilha desconhecida.

(Texto transcrito – Manual de Filosofia)   

 

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

As estrelas caírão do firmamento (Mc 13.25a)

 


             Na madrugada do último dia 03/08, por volta das 5h09, viu-se um grande clarão nos céus nas cidades de São Paulo e Minas Gerais. Vários moradores testemunharam o fato.

             Curioso é que as sagradas Escrituras, há dois mil anos relatam a possibilidade deste fenômeno, que acompanhará um dos maiores eventos que sobrevirão sobre a terra: o retorno do Messias, predita pelo próprio.

“...voltarei e os levarei comigo para que onde eu estiver vocês estejam também.” (Jo 14.3b).

Também pelo profeta Daniel quando na Babilônia por volta do ano 530 a.C. aos 90 anos de idade disse:

Na mesma visão que tive naquela noite, vi um ser parecido com um homem, que vinha entre as nuvens do céu...” Dn 7.13a.

             O contexto deste acontecimento na visão profética ocorrerá em seguida à tribulação liderada pelo anticristo, o escurecimento do sol e da lua (Mt 24.29). Na sequência, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão abalados.

O que virá a seguir? Aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem que será visto por todos! Nesse momento seguirá também um misto de lamento e glorificação. Lamento por parte daqueles que voluntariamente ignoraram às advertências proféticas; e expressão de glória por parte daqueles que testemunham as esperanças aguardadas.

             Os anjos com grande som de trombeta, que abafará os lamentos, reunirão os escolhidos do Eterno, dos quatro cantos do planeta e estarão para sempre com o Senhor!

             Portanto, os acontecimentos do último 03/08/2022, trazem a lembrança que algo semelhante está reservado para o futuro próximo, e que ninguém seja pego de surpresa! (Mt 24. 33-42)

jcm