quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Memórias

Após acompanhamento do próstata, os médicos concluíram que a extração seria a forma mais viável para uma qualidade de vida. Os médico agendaram para hoje, dia 07/novembro a cirurgia no Hospital São Mateus em Cuiabá.

Sou grato ao Senhor às mensagens de encorajamento e confiança de irmãos e amigos.

Na enfermidade e na dor que surgem os amigos transformam-se em irmãos. Até parecem que sentem o mesmo que sinto. Lembra uma passagem na vida do apóstolo que afirmou aos cristãos de sua época que tudo fariam pelo bem estar do apóstolo.

Durante a jornada da vida, temos momentos felizes e momentos tristes. Recordo de que o momento mais triste da minha vida foi quando de uma forma violenta, perdi meu pai que foi morto de forma covarde na década de cinquenta no sudoeste de Mato Grosso. Ele era responsável pelos seringal na cidade que hoje denomina-se Juruena, nome do rio local.

Meu pai, em uma tarde brincava com a minha irmã mais jovem quando foi chamado para fornecer café e açúcar para os seringueiros. Saiu da casa, atravessou um largo e foi atender o pedido. Ao retornar, assobiando e balançando o chaveiro no dedo, recebeu uma carga de chumbo que o derrubou. Caído sai ao seu encontro, quando uma segunda carga o silenciou para sempre.

Minha mãe sozinha ficou no mundo com minha irmã e eu.

Retornamos para Cuiabá. Daí para frente o mundo mostrou sua face cruel; a segurança transformou em insegurança, o futuro em incógnita, o sonho em pesadelo. 

O que fazer para sustentar dois filhos? Ser doméstica, pedinte ou vender o corpo? Minha mãe passou por todas estas esferas, porém não abriu mão de nós!

Lembro-me de que no entardecer de mais uma noite nada tinha para o jantar, exceto um bife de fígado. Ela o fez e repartiu entre os três que agora já éramos quatro. Um lindo e forte garoto veio enriquecer a família, fruto de um amor furtuíto.

Mesmo assim,  desfrutei dos primeiros ensinos que transformaram-me em Teólogo e filósofo. Ela ensinava´me escrever e pronunciar. Eu costumava trocar o "l" pelo "n". Não pronunciava Alice, mas "Anice".

Minha mãe foi vítima de um câncer. Aos sessenta e dois anos foi morar com Senhor.
JCM

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