terça-feira, 13 de junho de 2023

VISÃO DE MUNDO DOS POVOS IORUBÁS DA ÁFRICA

 

VISÃO DE MUNDO DOS POVOS IORUBÁS DA ÁFRICA

 

O termo iorubá refere-se a m grupo ETNOLINGUÍSTICO muito importante na África ocidental; estima-se que seja composto de trinta milhões de pessoas. Sua cultura tem grande influência em países da América, com destaque para o Brasil e Cuba, nos quais a religião foi disseminada por causa do tráfico de escravizados.

A religião iorubá é baseada em uma série de mitos, que apresentam discretas variações nos diversos países ou regiões de cultura iorubá, embora mantenham um núcleo comum de crenças e práticas. De acordo com os mitos, a natureza foi criada por uma divindade superior chamada Obatála ou Olodumare, que criou a natureza e os seres humanos (mundo físico – ayie), e também o mundo espiritual – orun.

O mundo espiritual existe em paralelo ao mundo físico e nele se manifesta, por exemplo, por meio de atuação de personagens ancestrais que deram origem a deuses chamados orixás. A relação orun/ayie (de complementaridade) atrela os orixás a elementos da natureza (fogo, água, ar, terra), é na natureza que as divindades fazem sua morada.

Na visão de mundo da cultura iorubá, as características de uma pessoa ou sua personalidade são materialização dos aspectos humanos desses orixás (amor, sabedoria, justiça, raiva, humor). Seres humanos e natureza ocupam um espaço comum, e é da interação entre todas as criaturas da natureza no ayie que depende o destino de cada pessoa.

(Transcrito)

 

quarta-feira, 22 de março de 2023

DIA MUNDIAL DA ÁGUA (PONTO DE VISTA FILOSÓFICO)

 

    Os primeiros pensadores pré-socráticos na busca de uma explicação abrangente da natureza, buscavam um princípio essencial. Para Demócrito de Abdera (V-IV a.C.), além dos átomos, só existia o vazio na natureza. Para Heráclito de Éfeso (VI-V a.C), o fogo é identificado como elemento de organização e racionalização da mudança ou trocas realizadas pela natureza. Para Pitágoras de Samos (aprox. VI a.C), os números expressam a ordem da natureza.  

           A importância para esta pequena reflexão sobre o Dia Mundial da Água, criado pela ONU em 22 de março de 1992, com o propósito de debater questões fundamentais que envolvem os recursos hídricos, leva-nos a lembrar Tales de Mileto (VII-VI a.C.), filósofo, matemático e astrônomo, concluiu que a água é a origem de todas as coisas, ou seja, princípio responsável pela vida. Sua afirmação se baseava na observação das mudanças de estado da água (líquido, sólido e gasoso).

           No Egito, Tales de Mileto viu a importância das águas do rio Nilo em dar vida ao deserto e contribuir para o desenvolvimento econômico da região, abastecendo a agricultura, pecuária, pesca, consumo e as navegações.

           A Água deve receber dos viventes toda atenção, porque pode acabar. Quem conhece Tangará, sabe que a cidade era cortada por mananciais. Dizem que próximo a Escola Estadual João Batista, corria um rio piscoso; no jardim dos Ipês, outro rio dividia os bairros; na localidade do Instituto Educacional Simonton, um charco dominava a região. Um estabelecimento comercial da cidade foi construído, segundo informações, sobre uma fonte de água. Onde estão esses rios hoje? Sumiram, ficou a triste história. Sem água as florestas, a vegetação secariam e os incêndios inevitáveis. Os impactos globais, imensuráveis. A terra se transformaria em um forno e toda vida assada!

A água continua essencial para a vida do planeta, mas não se deve esquecer que é um recurso finito! Apenas (2,5%) de toda água presente no mundo é potável, e (97,5%), salgada. Dos (2,5%), apenas 0,3%, representa águas dos rios e lagos, o restante (2,2%), encontra-se em lençóis freáticos e geleiras.

Alguns fatores estão contribuindo para a escassez do precioso líquido: poluição, urbanização e industrialização, que jogam esgotos e dejetos nos rios por questão econômica. Outro fator que merece nossa atenção neste dia, é o desperdício de água pela população. Talvez o maior desafio deste milênio é educar a população para o uso racional do precioso líquido. Caso não haja conscientização, Tangará sofrerá por mais um ano, a falta d’água.

Termino com um pensamento bíblico que revela o valor d’água no diálogo do Mestre das mãos furadas:

“Aquele que bebe desta água terá sede novamente; mas quem beber da água que eu lhe darei, nunca mais terá sede. Pois a água que eu lhe der tornar-se-á nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna.” (Jesus Cristo)

sábado, 11 de fevereiro de 2023

ATAQUE AOS PODERES E SOFRIMENTO DOS SILVÍCOLAS

 

Oito de janeiro de 2023, uma data para guardar

Urna eletrônica lançada em 1966 tinha objetivo eliminar a fraude em processo eleitoral, afastando a intervenção humana, transformou-se em pivô de violência em terras brasileiras. 08 de janeiro será sempre lembrado com tristeza por todos os cidadãos de bem.

A possibilidade da violabilidade foi questionada por político, que em sucessivas eleições desfrutou do resultado, e de um momento para outro passa questionar a confiança. Perder e ganhar fazem parte do jogo democrático. A maturidade política deve estar presente em qualquer que seja o resultado. Todo poder terreno é transitório, mas não foi isso que se observou nas últimas eleições.

Nas eleições, o jogo às vezes é baixo na busca de desqualificar a oposição. Isso está presente em todas. São poucos os espíritos nobres que conseguem diferenciar ideias de pessoas.

O discurso político encontrou eleitores, que sem analisar os fatos, procedência e o motivo que produziu tal discurso, colocaram em dúvida o resultado. Política faz parte da natureza humana; Aristóteles (384 a. C – 322 a.C), classificou o homem como “animal político”.

Estado laico, tem religião e política em campos diferentes.  Os religiosos devem ser políticos, mas a política não deve ser religiosa. Em uma visão pueril, parece que o elemento religioso protagonizou o espaço que deveria ser dado ao pensamento político.

Cristo durante sua vida terrena conviveu com governos dos mais diferentes pensamentos, mas nunca se envolveu e nem tentou mudar nenhum sistema, nem mesmo a escravidão reinante na época, pelo contrário, deixou bem claro a existência de dois reinos distintos.

Políticos diante do crescimento geométrico das religiões, aproveitaram com muita habilidade para aliciar eleitores nas campanhas. Notícias, “profecias” proliferaram no país sem, contudo, se mostrarem conclusivas; o propósito, “salvar” o Brasil.

Uma parte da população foi encorajada a tomar posição de defesa, promovendo longas marchas, carreatas e bandeiradas, encorajadas por lideranças ocultas que estimulavam e sustentavam as mobilizações; sem liderança específica, mas com propósito definido: mudar o resultado promulgado pelo Supremo Tribuna Federal. Se houve fraudes, não pode ser comprovada, e nem sustentada por nenhum segmento que trabalhou durante as eleições.

O Tribunal Eleitoral promulgou o resultado, que não agradou parte do eleitorado. Mas o fato é que como disse um dos membros do Supremo: “acima do Supremo, só Deus”. Realmente isso é verdade. Uma frase atribuída a Rui Babosa afirmava que contra decisões do Supremo, não há a quem recorrer. (pensador.com/frase/MTM5ndg2NA. acesso em: 06 fev.2023).

Houve tentativa de reverter pela força o resultado. A história Americana, repetiu no Brasil com a mesma justificativa. Os prejuízos atingiram valores milionários que serão cobertos pelos possíveis financiadores do movimento.

Oposição não é inimiga, é formada por pessoas que pensam diferente. O pensamento múltiplo é salutar e desejável no mundo contemporâneo; ajuda construir sociedade harmônica. Medo coletivo tomou conta da consciência política de parte do eleitorado brasileiro fomentado por discursos de que valores seriam alterados.

Na antiguidade, Arístocles de Atenas em sua obra “A República”, propôs mudanças na construção da família e criação de filhos. Sua proposta não logrou êxito, acabou sendo preso e vendido como escravo.

Vive-se uma sociedade em transformação, promovida por políticas partidárias. Os cristãos teem papel definido neste processo. Os discursos família e Igreja foram usados para mobilizar o antagonismo quanto a mudança do cenário político. Em tempo algum, qualquer sistema político conseguiu mudar estes valores; são instituições criadas pelo Eterno, e o que o Eterno criou jamais será destruído pelo sistema. Pode ocorrer que templos e símbolos da fé sejam destruídos, mas eles não são a igreja. A igreja é um sistema dinâmico, metafisico, incorporada por um número mínimo de dois ou três, acrescido do Criador. A família tradicional é a única que garante a perpetuidade da espécie, por isso ela não pode ser destruída.

Diante de toda essa realidade, cristãos deixaram se levar por discursos que afrontavam o senso comum, para engajarem em uma corrente crescente de “defensores” de valores. Através dos milênios, entra sistema e sai sistema, mas igreja e família permanecem.

O que teria sido melhor para a nação? O melhor seria o que fizeram autoridades políticas filiadas ao sistema vigente; reconheceram o resultado promulgado. O chefe do Executivo deveria fazer o mesmo, ainda que discordasse, mas evitaria todo o transtorno que veio acontecer. A solução seria fortalecer o partido e enfrentar o futuro pleito sem desgastes acumulados. Bem disse um ministro que o processo político é tarefa de força não armadas.

O apoio silencioso e indireto das Forças Armadas contribuiu em parte para o desfecho de oito de janeiro. Foram quase dois meses acampados pacificamente, apenas gritando por um auxílio que não foi manifestado. Parece que a paciência esgotou e a solução encontrada foi a mais desastrosa. Sem liderança central criaram um cenário de selvageria; muitos hoje pagam um preço elevado, outros ceifaram as próprias vidas e o resultado das urnas não mudou.

Uma nova liderança poderá surgir nos próximos anos, que certamente não satisfará a todos, mas mostrará que o sistema democrático, que não é o melhor sistema, permanecerá.

Silvícola, um povo esquecido

O problema indígena não é novo, passa por décadas, e governos de todas as ideologias, aliás, pode se dizer séculos. Os colonizadores chegaram exterminando índios e violentando índias. Espaço foram conquistados sobre sangue suor de índios.

Sucessivos massacres contra os indefesos, por pessoas ávidas das riquezas minerais do subsolo amazônico e o olhar indiferente de quem podia coibir tais abusos. O jornalista Luiz Felipe Barbiéri do g1.globo.com/política/notícia/2023/02/04. acesso em 09/02/2023 relata:

Uma chacina encomendada por um garimpeiro com um bilhete: “Faça bom proveito desses otários”. E a súplica de um indígena segundo antes de ser executado com um tiro no rosto: “Garimpeiro amigo”.

 

A população indígena sofre e clama no interior da floresta sem resposta, pois os clamores não encontraram eco nos ouvidos complacentes. A polarização política, tornou audíveis os gritos seculares da mata. A liderança política reagiu de forma positiva, embora tardia; índios já eram mártires da incontrolável e insaciável ganância humana. É preciso mostrar para o público nacional e internacional os erros das autoridades brasileiras quanto a responsabilidade e o desprezo às políticas públicas. Os órgãos internacionais precisam ficar sabendo para que enviem mais recursos para o fundo amazônico e se espera, tenham destinos justos.

Jurandir Marques

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

A EXCELENCIA DO AMOR FRATERNAL

 

 

01/01/2023 – Dia da fraternidade universal ou Dia da confraternização universal, é um feriado nacional no Brasil instituído por lei em 1935 por Getúlio Vargas, e mundial proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU). A data simboliza recomeço e esperança.

Dia da Confraternização Universal e da Paz, que reflete o desejo da união entre os povos que formam o planeta terra. É um feriado mundial.

Além da Ucrânia, pelo menos 17 países apresentam conflitos ativos ou algum combate armado, segundo levantamento do Projeto de dados de Localização e Eventos de Conflitos Armados (Acled, na sigla em inglês) e sofrem crises humanitárias e de segurança.

E, certamente, ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; vede, não vos assusteis, porque é necessário assim acontecer, mas ainda não é o fim.” (Mt 24.6)

 

 

A excelência do amor fraternal

Texto – Salmos 133

Introdução

Para se entender a mensagem deste salmo, primeiro torna-se necessário conhecer o pano de fundo que levou Davi a compô-lo ou seja, retornar ao começo do segundo milênio (1025 a.C.).

Saul é morto na batalha contra os filisteus. A partir daí, Israel sofre a primeira divisão.

Davi é ungido rei em Hebrom pelos homens de Judá (2Sm 2.4), e Is-Bosete, filho de Saul é proclamado rei sobre o restante de Israel (2Sm 2.8).

Essa divisão oportuna o começo de uma guerra civil que termina com 20 soldados do exército de Davi mortos e 300 do exército de Is-Bosete.

O comandante do exército de Is-Bosete, Abner, se envolve em um caso amoroso com Rispa, filha de Aiá, concubina de Saul, isto desagrada Is-Bosete (2Sm 3.7) que chama atenção de Abner.

Abner fica furioso e resolve abandonar Is-Bosete e junto com todo o exército aproximar de Davi enviando a seguinte mensagem:

“A quem pertence a terra? Faze um acordo comigo e eu te ajudarei a conseguir o apoio de todo o Israel” (2Sm 3.12).

Davi aceita o acordo com a seguinte condição, ter de volta sua primeira esposa Mical, filha de Saul que lhe foi tomada e dada por Saul à Paltiel, filho de Laís. É bom lembrar que Davi já tinha duas mulheres: Ainoã, de Jezreel, e Abigail, viúva da Nabal, o carmelita. (Mical, mulher que Davi amava).

Entregue-me minha mulher Mical, com quem me casei pelo preço de cem prepúcios de filisteus”. (2Sm 3.14). 

História narrada em (1Sm 18.20ss). Saul pediu cem prepúcios (pele que prende a glande do pênis, palavra latina que significa cortar ao redor) de filisteus, Davi trouxe duzentos.

Is-Bosete mandou que tirassem Mical de seu marido e entregasse à Davi. Paltiel foi atrás dela chorando até uma cidade chamada Baurim. Ali Abner ordena a Paltiel que volte para casa, e ele voltou (2Sm 3. 15,16).

Depois disto Abner negocia com todo o povo de Israel a aliança com Davi e celebram com um banquete (2Sm 3.20). Quando Abner despede de Davi é assassinado por Joabe, comandante de Davi em vingança a morte de Asael, seu irmão (2Sm 3.22ss).

Davi amaldiçoa Joabe, e o obriga a seguir chorando à frente do funeral de Abner que foi enterrado em Hebrom.

Davi aclamado rei em Hebrom – (2Sm 5.1-3; 1Cr 11.1-3).

“Todas as tribos de Israel foram dizer a Davi, em Hebrom: ‘Somos sangue do teu sangue ou em hb (teu osso e tua carne). [...]’.

Então todas as autoridades de Israel foram ao encontro do rei Davi em Hebrom: o rei fez um acordo com eles em Hebrom perante o Senhor, e eles ungiram Davi rei de Israel”.

Este é o histórico que dá origem ao salmo 133. Um outro contexto possível é no entronamento do rei Salomão, porém aqui Davi já está bem debilitado.

O salmo é conhecido como salmo dos degraus/salmo dos peregrinos/ainda salmo de romaria.

O salmo exalta a qualidade de um viver em união – bom e agradável. (capaz de agradar, de satisfazer).

Existem coisas que são agradáveis, mas não essenciais; outras que são boas, mas não satisfatórias. viverem unidos os irmãos é bom e agradável. Pode-se acrescentar, desejável.

Uma comunidade progride quando existe um só coração, uma só alma e um só interesse. Isto é válido também para a vida conjugal.

O salmo retrata a comunidade de Israel reunindo periodicamente no templo (Páscoa, primícias e pentecostes). Havia uma contagiante alegria quando recebia a comunicação, que era época de ir à Casa do Senhor (Salmo 122); saíam em procissão cantando e dançando.

O salmista usa figuras conhecida do imaginário judaico para descrever a união:

óleo precioso, azeite perfumado, usado para ungir os sacerdotes (Êxodo 30.22ss).

Ao referir ao sacerdote Arão, - indica que o sacerdote é aquele responsável por conservar o povo unido e em comunhão como Senhor, mas é também responsabilidade do crente ser promotor da união. Todos são chamados para o ministério da pacificação.

Todos os crentes são ungidos ou batizado no Espírito Santo – o óleo é figura do Espírito Santo que todos recebem no momento de sua conversão.

A segunda figura é o orvalho do Hermom – Naquela região árida, o orvalho faz os campos florescerem e produzirem boas colheitas. O monte Hermom é o mais alto de Israel.

Uma atenção especial para a expressão desce; três vezes ela é repetida para explicar o sentido da união:

a) Irmãos unidos é como óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba de Arão,

b) ... e desce para a gola de suas vestes.

c) como o orvalho do Hermom que desce sobre os montes de Sião.

Qual o resultado da união? BENÇÃO!

“Ali, ordena o SENHOR a sua benção e a vida para sempre.

“Ali” = Jerusalém

“Ali” = Igreja

“Ali” = Lar

Onde se vive a união, Deus ordena a sua benção e a vida para sempre.

Cântico

Oh com bom e quão maravilhoso é, que os irmãos vivam em união.......

 

 

  

 

 

 

 

 

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

ESTÁ RINDO DE QUÊ?

 

             O texto a seguir, do humorista português Ricardo Araújo Pereira (1974), não faz rir, mas traz uma reflexão interessante sobre o riso.

[...]

             Os guardas foram buscar o prisioneiro para o levar ao pátio onde ele seria executado. No caminho entre a cela e o cadafalso, o prisioneiro foi a rir à gargalhada.

             Conhece esta história?

             É provável que não, porque nunca aconteceu. Seria uma ocorrência mesmo muito estranha. Mas faz lembrar qualquer coisa: é a nossa vida.

Nós sabemos que vamos morrer (desculpem, talvez eu devesse ter dito: (spoiler alert ) – ou seja, temos consciência de que vamos a caminho do cadafalso – e, no entanto, rimos durante o caminho.

             Quando alguém pergunta “está rindo de quê?” espera sempre que quem responde reconheça que não há motivo para rir. Está rindo de quê? o meu chapéu não é assim tão ridículo, a minha queda não foi tão engraçada, o meu erro não dá vontade de rir.

             Ora, a resposta à pergunta “Está rindo de quê? É sempre: estou rindo do fato de não ter qualquer motivo para rir.

É disso que o prisioneiro – e nós – rimos.

Quem tem motivo para rir, como é óbvio, não ri. Por exemplo, Deus criou o mundo, e qualquer crítico de arte é forçado a reconhecer que se trata de uma obra bem interessante, cheia de boas ideias.

O mar: lindo. Montanhas: que beleza. ´Arvores: que conceito estranho, mas tão bem conseguido. [...]

Continua a ser a meta a ultrapassar por artista de todos os tempos e lugares. Porém, e talvez por isso, Deus não ri: só ri quem não tem motivo para rir. Quem ri mais: pobre ou rico?

Pobre, claro. Precisamente por não ter motivo.

O escritor português Gonçalo M. Tavares comparou a vida a uma queda.

A metáfora não é nova, mas ele foi específico: estamos todos a cair de um 40º andar. Os nossos corpos vão percorrendo o espaço vazio até ao fim inevitável, e vamos juntos, mas sozinhos, ao mesmo tempo.

Nesse processo, de nada adiante sermos fortes, inteligentes ou belos. A nossa força, beleza e inteligência não tem qualquer préstimo – nem para nós nem para os outros.

Mas a capacidade de fazer rir, não sendo capaz de evitar aqueda, torna o percurso menos difícil. Não é muito. Na verdade, é quase nada.

Mas é o que há. É uma missão nobre, fazer rir. Boa queda para todos.

PEREIRA, Ricardo Araújo. Está rindo de quê? Folha de S. Paulo. 16 dez. 2018

Disponível em : https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ricardo-araujo-pereira/2018/12/esta-rindo-de-que.shtml. Acesso em 30 maio 2019.

 

 

 

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

ESTÓRIA DE PESCADOR

 


Conta-se que um pescador periodicamente ao voltar da pescaria, observava que alguns peixes pescados, colocados no tanque, chegavam mortos ao porto. Isto acontecia reiteradas vezes, até que um dia percebeu que todos os peixes estavam vivos! Admirado, resolveu verificar o motivo, e percebeu a presença de um bagre gigante com enormes ferrões. Durante todo tempo da viagem, ferroava os demais peixes que se mantinham em movimentos.

Será que há entre os crentes contemporâneos, alguém que se assemelha aos peixes mortos do pescador, carecendo de um bagre para mantê-lo vivo? Leandro Karnal, filósofo, em uma de suas palestras advertiu as igrejas cristãs a evangelizarem os cristãos. Isto porque, um segmento moderno de cristão segue o padrão da sociedade líquida, isto é, sem forma, temeroso, frágil nas relações espirituais e egocêntrico, chegando às vezes as raias da hipocrisia e do modismo.

 Esse segmento precisa ser despertado ao arrependimento de suas práticas irrelevantes e busca sincera de reaproximação com Deus através do culto, baseado na Palavra, e centralizada em Cristo.

Talvez o “bagre” esteja chegando.

jcm

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

VOTE E VOLTE VIVO!

 


Raramente se presenciou eleições tão polarizadas e tensas quanto esta que estamos vivenciando. Nervos constantemente à flor da pele, por todos os postulantes. Porém, mesmo diante deste quadro formado de forma consciente, o cidadão de bem não deve omitir o quase sagrado dever que é votar. O voto é única arma disponibilizada para solver os grandes embates da sociedade. Voto consciente, ordeiro e sensato.

Com o advento da internet, os enganos se tornaram mais evidentes. A democracia permite que todos opinem, até eu! Porém convém estar consciente que nem todos opinam com sinceridade de alma. Muitas opiniões carecem de sustentação, pois são destruidoras; com propósito definido de causar confusão no eleitorado.

Nas campanhas não há santos nem demônios, mas humanos desejosos de conservar o seu “pirão” ou conseguir “pirão”. Candidatos que desejam subir nas falhas do outro, por isso é importante revelar o sábio princípio bíblico:  Porque vês o argueiro que está no olho do adversário, porém não reparas na trave que está no teu próprio” (Mt 7.3).

Campanha deveria ser oportunidade de revelar sobriedade e propostas de trabalho, saúde pública, saneamento, transporte, educação e segurança.  São esses assuntos que interessam o eleitor. Porém os temas mais debatidos nestas eleições estão fora do domínio político, como (liberalização de droga, aborto, ideologia de gênero, controle de indivíduos, e das mídias, liberdade de expressão religiosa, feminismo, desarmamento, homossexualidade, erotização infantil, doutrinação escolar, etc.). Temas dessa natureza, importantes sim, mas é de fórum familiar. É na família que se aprende princípios de moralidade, ética e religiosidade.

O país precisa de um governo conciliador, que mesmo no calor do debate não revele seu instinto animal, que tenha equilíbrio emocional. Os debates não revelaram um candidato com perfil conciliador, pacificador, unificador, apto para governar 215 milhões de vidas humanas nos próximos anos.

Sabe-se que não vive no Brasil um regime teocrático, e isso é bom. No regime teocrático, a comunidade judaica, tinha um governo escolhido por Deus. E tinha como princípio de obediência absoluta a Deus, monogâmico, não multiplicava para si muita prata, seguia os princípios da Tora e a lia diariamente, também, não amante do vinho ou bebida forte. Estes princípios foram elaborados para os governos de Israel, mas que serve de parâmetro para os governos de todas as nações, especialmente as que se dizem cristã.

Como cristãos, praticantes ou não, somos orientados por princípios a votar em candidatos que mais se aproximam de valores cristãos, já que não existe candidato perfeito. Quais os valores que um cristão deve defender? Um cristão deve defender o direito à vida, repúdio às drogas ilícitas, justiça igual para todos os cidadãos, família, sexualidade e casamento como ordenado pela natureza, educação infantil segundo os princípios judaico-cristão e respeito a todos os credos.

Propaga-se um discurso, que se determinado partido chegar ao poder as igrejas cristãs desaparecerão. Não é verdade, a igreja subsistirá em qualquer regime político, como subsistiu no império romano e nos países fechados ao cristianismo e, diga-se de passagem, que nos países em que os cristãos são perseguidos, a densidade aumenta geometricamente, com cristãos comprometidos com a fé. Se o cristianismo necessitar de sustentação política, somos de todos os mais miseráveis!

O Senhor Jesus garantiu que “as portas do inferno não prevalecerão”. O cristianismo não precisa de palanques eleitoreiros. Por isso, meu irmão, vote e volte vivo consciente, seja qual for a sua orientação política.

Não temas, porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles”. (2Rs. 6.16b).

jcm