Oito de janeiro
de 2023, uma data para guardar
Urna eletrônica
lançada em 1966 tinha objetivo eliminar a fraude em processo eleitoral,
afastando a intervenção humana, transformou-se em pivô de violência em terras
brasileiras. 08 de janeiro será sempre lembrado com tristeza por todos os
cidadãos de bem.
A possibilidade
da violabilidade foi questionada por político, que em sucessivas eleições
desfrutou do resultado, e de um momento para outro passa questionar a confiança.
Perder e ganhar fazem parte do jogo democrático. A maturidade política deve
estar presente em qualquer que seja o resultado. Todo poder terreno é
transitório, mas não foi isso que se observou nas últimas eleições.
Nas eleições, o
jogo às vezes é baixo na busca de desqualificar a oposição. Isso está presente
em todas. São poucos os espíritos nobres que conseguem diferenciar ideias de
pessoas.
O discurso político
encontrou eleitores, que sem analisar os fatos, procedência e o motivo que
produziu tal discurso, colocaram em dúvida o resultado. Política faz parte da
natureza humana; Aristóteles (384 a. C – 322 a.C), classificou o homem como “animal
político”.
Estado laico,
tem religião e política em campos diferentes.
Os religiosos devem ser políticos, mas a política não deve ser
religiosa. Em uma visão pueril, parece que o elemento religioso protagonizou o
espaço que deveria ser dado ao pensamento político.
Cristo durante
sua vida terrena conviveu com governos dos mais diferentes pensamentos, mas nunca
se envolveu e nem tentou mudar nenhum sistema, nem mesmo a escravidão reinante
na época, pelo contrário, deixou bem claro a existência de dois reinos distintos.
Políticos
diante do crescimento geométrico das religiões, aproveitaram com muita
habilidade para aliciar eleitores nas campanhas. Notícias, “profecias”
proliferaram no país sem, contudo, se mostrarem conclusivas; o propósito,
“salvar” o Brasil.
Uma parte da
população foi encorajada a tomar posição de defesa, promovendo longas marchas,
carreatas e bandeiradas, encorajadas por lideranças ocultas que estimulavam e
sustentavam as mobilizações; sem liderança específica, mas com propósito
definido: mudar o resultado promulgado pelo Supremo Tribuna Federal. Se houve
fraudes, não pode ser comprovada, e nem sustentada por nenhum segmento que
trabalhou durante as eleições.
O Tribunal
Eleitoral promulgou o resultado, que não agradou parte do eleitorado. Mas o
fato é que como disse um dos membros do Supremo: “acima do Supremo, só Deus”.
Realmente isso é verdade. Uma frase atribuída a Rui Babosa afirmava que contra
decisões do Supremo, não há a quem recorrer. (pensador.com/frase/MTM5ndg2NA.
acesso em: 06 fev.2023).
Houve tentativa
de reverter pela força o resultado. A história Americana, repetiu no Brasil com
a mesma justificativa. Os prejuízos atingiram valores milionários que serão
cobertos pelos possíveis financiadores do movimento.
Oposição não é
inimiga, é formada por pessoas que pensam diferente. O pensamento múltiplo é
salutar e desejável no mundo contemporâneo; ajuda construir sociedade
harmônica. Medo coletivo tomou conta da consciência política de parte do
eleitorado brasileiro fomentado por discursos de que valores seriam alterados.
Na antiguidade,
Arístocles de Atenas em sua obra “A República”, propôs mudanças na construção
da família e criação de filhos. Sua proposta não logrou êxito, acabou sendo
preso e vendido como escravo.
Vive-se uma
sociedade em transformação, promovida por políticas partidárias. Os cristãos
teem papel definido neste processo. Os discursos família e Igreja foram usados
para mobilizar o antagonismo quanto a mudança do cenário político. Em tempo
algum, qualquer sistema político conseguiu mudar estes valores; são
instituições criadas pelo Eterno, e o que o Eterno criou jamais será destruído
pelo sistema. Pode ocorrer que templos e símbolos da fé sejam destruídos, mas
eles não são a igreja. A igreja é um sistema dinâmico, metafisico, incorporada
por um número mínimo de dois ou três, acrescido do Criador. A família
tradicional é a única que garante a perpetuidade da espécie, por isso ela não
pode ser destruída.
Diante de toda
essa realidade, cristãos deixaram se levar por discursos que afrontavam o senso
comum, para engajarem em uma corrente crescente de “defensores” de valores.
Através dos milênios, entra sistema e sai sistema, mas igreja e família permanecem.
O que teria
sido melhor para a nação? O melhor seria o que fizeram autoridades políticas
filiadas ao sistema vigente; reconheceram o resultado promulgado. O chefe do
Executivo deveria fazer o mesmo, ainda que discordasse, mas evitaria todo o
transtorno que veio acontecer. A solução seria fortalecer o partido e enfrentar
o futuro pleito sem desgastes acumulados. Bem disse um ministro que o processo
político é tarefa de força não armadas.
O apoio
silencioso e indireto das Forças Armadas contribuiu em parte para o desfecho de
oito de janeiro. Foram quase dois meses acampados pacificamente, apenas gritando
por um auxílio que não foi manifestado. Parece que a paciência esgotou e a
solução encontrada foi a mais desastrosa. Sem liderança central criaram um
cenário de selvageria; muitos hoje pagam um preço elevado, outros ceifaram as
próprias vidas e o resultado das urnas não mudou.
Uma nova
liderança poderá surgir nos próximos anos, que certamente não satisfará a
todos, mas mostrará que o sistema democrático, que não é o melhor sistema,
permanecerá.
Silvícola, um
povo esquecido
O problema
indígena não é novo, passa por décadas, e governos de todas as ideologias,
aliás, pode se dizer séculos. Os colonizadores chegaram exterminando índios e
violentando índias. Espaço foram conquistados sobre sangue suor de índios.
Sucessivos
massacres contra os indefesos, por pessoas ávidas das riquezas minerais do
subsolo amazônico e o olhar indiferente de quem podia coibir tais abusos. O
jornalista Luiz Felipe Barbiéri do g1.globo.com/política/notícia/2023/02/04.
acesso em 09/02/2023 relata:
Uma chacina encomendada por um garimpeiro com um bilhete: “Faça bom proveito desses otários”. E a súplica de um indígena
segundo antes de ser executado com um tiro no rosto: “Garimpeiro amigo”.
A população
indígena sofre e clama no interior da floresta sem resposta, pois os clamores
não encontraram eco nos ouvidos complacentes. A polarização política, tornou
audíveis os gritos seculares da mata. A liderança política reagiu de forma
positiva, embora tardia; índios já eram mártires da incontrolável e insaciável
ganância humana. É preciso mostrar para o público nacional e internacional os
erros das autoridades brasileiras quanto a responsabilidade e o desprezo às políticas
públicas. Os órgãos internacionais precisam ficar sabendo para que enviem mais
recursos para o fundo amazônico e se espera, tenham destinos justos.
Jurandir
Marques
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