O
conceito de sociedade líquida que caracteriza a modernidade, chegou ao arraial teológico.
Conceito
desenvolvido pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman e diz respeito a uma nova
época em que as relações sociais, econômicas e de produções são frágeis,
fugazes e maleáveis como os líquidos.
Tudo
flui, nada é permanente é o antigo conceito que já ocupava a mente de filósofo
pré-socrático do porte de Heráclito que afirmou: “tudo flui, pois não nos
banhamos duas vezes no mesmo rio”.
Ao
deparar com afirmações de que a Bíblia precisa ser “atualizada”, para se adaptar
à contemporaneidade, os ossos de Charles Haddon Spurgeon, se é que ainda
existem, tremeram na fria tumba em Londres.
Sempre
se acreditou na declaração petrina “...seca-se a erva, e cai a sua flor; a
palavra do Senhor, porém, permanece eternamente.”
Na
leitura de teólogos contemporâneos está declaração parece ser apenas uma figura
de retórica.
Vive-se
uma realidade nietzscheana que abandonou a verdade e criou sua própria verdade;
abandonou a razão de René Descartes e acolheu o pensamento dos sofistas em que
a verdade é relativa e histórica.
Nietzsche
afirmou que o conhecimento verdadeiro é histórico, isto é, produzido por seres
humanos, nada tendo de transcendental.
Nietzsche
também propôs, no lugar do homem conceitual, o homem intuitivo, não mais
aprisionado pelo conceito de verdade, mas criador das suas próprias verdades.
Assim,
hoje a crença deixa de ser uma adequação aos valores bíblicos, mas uma criação.
Os pensamentos de Nietzsche foram retomados pelo francês Michel Foucault e
agora pelo brasileiro Ed René Kivitz.
Ao
aceitar que a verdade bíblica tem caráter histórico, isto é, muda com o tempo,
corre-se o tremendo risco de aceitar o relativismo, ou seja, todo conhecimento
é válido, fruto de determinadas condições e estas variam.
O
risco que se enfrenta diante de tais afirmações é a impossibilidade de obter
uma certeza absoluta do Cânon bíblico. Ou seja, a partir dessa
leitura proposta pelo teólogo René, nada pode ser considerado verdadeiro ou
falso. Nesse sentido aproxima-se do ceticismo.
jcm
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