Jurandir
Marques – Professor de Filosofia, IPES/Tangará da Serra/MT
Os escritores bíblicos não
preocuparam em apresentar provas da existência do Eterno. O pentateuco começa relatando
um Deus em ação: No princípio, criou Deus os céus e a terra...”. Ação é
atitude de um ser.
No campo da filosofia existem
alguns argumentos extraídos da história por Immanuel Kant (1724-1804),
afirmando de que há somente três provas da existência de YHWH a partir da razão
especulativa. Porém refuta-os, alegando que como absoluto, não aparece como
fenômeno (ou seja, no tempo e no espaço). Sendo que segundo ele, todo
conhecimento obedece aos limites da razão, e tem como um os seus atributos o
entendimento fundado na regra da causalidade.
Os
argumentos apresentados são: a) Cosmológico, este argumento fundamenta-se no estagirita,
Aristóteles (348-322 a.C) com seu argumento do “primeiro-motor”. No século XVI,
Tomás de Aquino retoma este argumento e o filósofo alemão Leibniz no século
XVIII. Este argumento conclui a existência de um ente necessário a partir da existência
em geral. De acordo com Tomás de Aquino, “se algo existe, deve existir um ente
absolutamente necessário” pois toda coisa deve ter uma causa absolutamente
necessária, que será chamada de YHWH. A existência de uma causa primeira de
todas as coisas é necessária uma vez que todo efeito tem causa. Sem causa não haverá efeito, portanto, se não
existisse a causa primeira chamada YHWH, simplesmente não haveria as coisas.
b)
Ontológico, argumento surgido e desenvolvido na Idade Média por Anselmo
(1033-1109), retomado por Renê Descartes (1596-1659). Encontra fundamento no
princípio de que um ser perfeito teria, necessariamente, a existência como um
de seus atributos. Segundo Descartes, tudo aquilo que concebemos como essência ou
parte de uma coisa é verdadeiro. A existência é parte da essência de um ser
perfeito, ou seja, a existência é a verdade de um ser perfeito; a partir dessa
observação, conclui-se que um ser perfeito existe. A afirmação segundo a qual a
existência é parte da essência de um ser perfeito traz implícito o argumento
central da prova ontológica, qual seja, a existência é uma propriedade ou
qualidade, e como tal deve ser parte integrante do ser perfeito: todas as perfeições
pertencem à essência de um ser perfeito, e como a existência é uma perfeição, a
existência pertence à essência do ser sumamente perfeito.
c)
Físico-teológico é um desenvolvimento da função especulativa aristotélica e
influenciou diversas correntes do pensamento, constituindo hoje uma das bases
de princípios religiosos fundamentalistas e criacionistas. Sua origem se
encontra na percepção de que existe uma ordem e uma harmonia no mundo, o que
exigiria um princípio ordenador, que só poderia ser encontrado em alguma forma
de inteligência superior, design inteligente, um “arquiteto” do universo
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